Séries Temáticas
1- SAÚDE E DOENÇA
Se fosse possível manter a primeira sem a ocorrência da segunda o tema de arquitetura hospitalar não teria sentido. Aquela contradição, natural à nossa existência biológica, provoca espontaneamente uma divisão nos grupos sociais: as pessoas que têm saúde plena e as que não a têm.
À discriminação simples, nascida naturalmente na percepção dessa diferença, se lhe agregam os fatores culturais de cada época. Dogmáticos, religiosos e científicos a influenciam e a comandam de acordo ao peso que cada um deles possui no espectro de poder dessas civilizações.
O homem sempre precisou de razões que lhe explicassem o mundo em que vive e dessa maneira manter um mínimo equilíbrio emocional que permitisse a convivência social organizada, que assegurasse a perpetuação da espécie e tornasse possível a experiência do prazer.
Castigos divinos por pecados cometidos, possessões demoníacas, bactérias e vírus, falhas genéticas são, entre outros, explicações aos flagelos sofridos pela nossa espécie correspondendo-se aos estágios de desenvolvimento das diversas civilizações.
Os doentes podiam ser pecadores, mártires, enviados, desregrados, pouco previdentes ou simplesmente azarados, porém a resposta sempre foi a separação. Motivos injustos ou tratamentos adequados foram e são os argumentos para essa circunscrição de pessoas semelhantes entre si e diferentes à maioria, e que terminam criando mundos particulares que, para seu correto funcionamento, precisam de qualidades únicas que assegurem sua unidade e a simplificação de seus processos.
O espaço físico resultante só podia responder coerentemente a essas solicitações e ofereceu em toda a história de nossa civilização prédios que a esses princípios se ajustassem.
A vida fechada de um hospital devia criar, na arquitetura, barreiras físicas que assegurassem e provocassem o isolamento pretendido.
E assim o fez.
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